O Promotor de Justiça chama sua primeira testemunha,
uma velhinha de idade bem avançada. Para começar a
construir uma linha de argumentação, o Promotor
pergunta para a velhinha:
- Dona Genoveva, a senhora me conhece, sabe quem eu
sou e o que faço?
- Claro que eu o conheço, Carlinhos! Eu o conheci
bebê. E, francamente, você me decepcionou. Você
mente, você trai sua mulher, você manipula as
pessoas, você espalha boatos e adora fofocas. Você
acha que é influente e respeitado na cidade, quando
na realidade você é apenas um coitado.
Ah, se eu te conheço! Claro que conheço!
O Promotor fica petrificado, incapaz de acreditar no
que estava ouvindo.
Ele fica mudo, olhando para o juiz e para os jurados.
Sem saber o que fazer, ele aponta para o advogado de
defesa e pergunta à velhinha:
- E o advogado de defesa, a senhora o conhece?
A velhinha responde imediatamente:
- O Pedrinho? É claro que eu o conheço! Desde
criancinha. Eu cuidava dele para a Mariana, a mãe
dele. E ele também me decepcionou. É preguiçoso,
falso puritano, alcoólatra e sempre quer dar lição
de moral nos outros sem ter nenhuma para ele. Ele
não tem nenhum amigo e ainda conseguiu perder quase
todos os processos em que atuou.
Neste momento, o juiz pede que a senhora fique em
silêncio, chama o Promotor e o advogado perto dele, se
debruça na bancada e fala baixinho aos dois:
- Se algum de vocês perguntar a esta velha faladeira
se ela me conhece, vai sair dessa sala preso! Fui
claro ?!?!?